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A luta diária dos pacientes com diabetes para manter um controle adequado é freq üentemente caracterizada por sentimentos negativos de estresse, ansiedade, culpa e vergonha. Vivem sob um esforço implacável para alcançar o controle glicêmico, além de serem constantemente lembrados de que sua saúde a longo prazo depende da sua capacidade de se auto-gerenciar. Dessa forma, é constante que esses pacientes sejam autocríticos. E assim, devido o controle rigoroso da doença, costumam se isolar. Uma revisão recente publicada no American Diabetes Association sugere a utilidade da autocompaixão como uma ferramenta clínica para melhorar o autocuidado, depressão e controle glicêmico em diabetes.
 
Mas o que é autocompaixão? Segundo Kristin Neff, é tratar-se com bondade e cuidado diante de eventos negativos. Para os pacientes diabéticos os “eventos negativos” podem incluir a monitorização glicêmica, que pode não estar em níveis ideais, junto com outras falhas de autogestão que envolvem não aderência a medicação, dieta e prescrições de exercícios. Assim, ao se tornarem mais auto-compassivos, tornam-se mais gentis, reconhecendo que seus problemas são aspectos comuns da experiência humana e, como conseqüência, diminuem a autocrítica. Outro benefício do cultivo da autocompaixão é que através dela é desenvolvido a consciência de humanidade compartilhada, assim nos tornamos semelhantes, com medos e inseguranças. E isso permite que esses pacientes saíam do isolamento, se interconectando.
 
Essa mesma revisão citada anteriormente mostrou melhora do humor através de processos metabólicos e autonômicos, incluindo respostas inflamatórias e do sistema nervoso simpático ao estresse, melhorando assim a depressão frequente nesses pacientes. Além disso, ativou redes neuronais específicas associadas ao amor e aumentou o comportamento altruísta. Não se pode deixar de citar que também foi demonstrado em pessoas auto-compassivas uma maior responsabilidade de assumir os seus problemas, sugerindo que elas são mais propensas a cuidar de si mesmas quando estão doentes ou feridas.
 
Essas vias, de maneira direta ou indiretamente, demonstram que a autocompaixão pode estar ligada à melhoria do tratamento do diabetes, uma vez que estimula o seu próprio autocuidado e reduz respostas como auto-culpa e não aceitação. Pode ser que a estabilidade emocional proporcionada pela autocompaixão ajude a gerar um comportamento mais responsável, mesmo que cuidar da saúde, mantendo uma boa dieta e exercitando com freqüência, possa inicialmente envolver uma certa quantidade de desagrado. Dessa forma, a autocompaixão torna-se uma ferramenta extremamente útil para uma das maiores barreiras no manejo do diabetes: a má adesão ao tratamento.
 
* Texto com base no artigo: Does Kindness Matter? Diabetes, Depression, and Self-Compassion: A Selective Review and Research Agenda. Diabetes Spectr. 2015.
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