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Perdoar-se é viver em paz com você. Um ato desafiador e diário. Um gesto de cuidado com nós mesmos. Uma demonstração de não-abandono. Uma prova de amor e de autocompaixão. Um olhar terno e carinhoso para nós, nossas limitações e nossas imperfeições. Uma atitude libertadora.
Por isso, decidi escrever sobre o autoperdão, o autocuidado e a nutrição. E, quando comecei a procurar materiais para fazer meus posts, relacionando autoperdão e distúrbios alimentares, descobri um mundo à parte, muito enriquecedor e muito vasto. Encontrei também algumas informações bem relevantes que gostaria de dividir com vocês.
· Mulheres com distúrbios alimentares como anorexia e bulimia foram associadas a níveis mais baixos de autoperdão, se comparadas àquelas que não apresentavam esses quadros. São os dados de um artigo publicado pela Eating Disorders que analisou o vínculo entre distúrbios alimentares e autoperdão, um grupo de 51 mulheres, do sudoeste e noroeste dos Estados Unidos, entre 18 e 61 anos.
· Descobri também pesquisas que identificaram associações entre distúrbios alimentares e distúrbios do humor, como culpa, vergonha e sentimento de inutilidade. Muitas emoções negativas associadas aos transtornos alimentares também se relacionam com o baixo autoperdão (Ingersoll-Dayton & Krause, 2005), sugerindo que as intervenções que aumentam o autoperdão também podem aumentar a eficácia do tratamento da desordem alimentar (Enright & Fitzgibbons, 2000).
· Mulheres com anorexia e bulimia apresentam padrões persistentes de vergonha e culpa auto-impostas (Klump et al., 2009) e altos níveis de raiva autodirigida (Stein et al., 2007).
· Algumas pesquisas sobre o autoperdão também mostram sintomas associados semelhantes com baixa autorremissão, nomeadamente castigo autodirigido (Mauger et al., 1992), culpa e culpa internalizada (Fisher & Exline, 2006), ansiedade e depressão (Rangganadhan & Todorov, 2010) e ruminação (Ingersoll- Dayton & Krause, 2005). Por outro lado, quando o autoperdão é ativado, há menor autocrítica, ruminação menos autodestrutiva e menos afirmações negativas (Stein et al., 2007).
Com essas conexões empíricas, mais do que nunca, a autoculpa e a autocondenação são questões que devem ser tratadas com atenção e devem ser mais observadas entre pacientes com transtornos alimentares. Os protocolos de tratamento podem ser aprimorados abordando esses fatores por meio do treinamento em habilidades específicas e práticas de autoperdão, focada principalmente em meditação, mindfulness eating e compaixão.
Perdoar-nos pelo mal que nos causamos com a comida não é fácil. Quantas vezes nós nos traímos e nos espancamos com o excesso, recusando-nos a ouvir corpos, ao nos odiarmos pelo que e como comemos e pelas formas em que nossos corpos se parecem? O perdão não é uma técnica como negar as maneiras pelas quais nós nos prejudicamos com a comida. Em vez disso, é um processo e uma prática de olhar para as formas que nos prejudicamos, e então sentimos o peso físico e emocional em nossos corpos e corações. Podemos trazer uma sensação de perdão e compaixão a esses sentimentos e memórias? Para as formas em que nos traímos com comida?
Perdoar-se é um reflexo de amar-se o suficiente para seguir em frente.. O autoperdão é possível. Que tal começarmos a tentar trabalhar esse processo dentro de nós? No próximo post, eu publicarei algumas dicas e orientações para praticar o autoperdão no seu dia a dia.
As informações citadas no texto são referents aos estudos:
– Enright, R. D., Fitzgibbons, R. P. (2000). Helping clients forgive: An empirical guide for resolving anger and restoring hope. Washington, DC: American Psychological Association.
– Watson MJ, et al. (2012) Self-forgiveness in anorexia nervosa and bulimia nervosa: Eat Disord.
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